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Propriedade Atingida por Uso Irregular de Fogo: Consequências Legais e Medidas de Proteção para o Proprietário

O uso irregular de fogo em propriedades rurais, incluindo práticas de queimadas, configura infração ambiental grave, sujeita a sanções previstas no Decreto Federal nº 6.514/08. O incêndio, além de causar significativos danos ambientais, pode gerar penalidades severas aos proprietários, mesmo quando não tenham sido os responsáveis diretos pelo ocorrido. 

Consequências Legais do Uso Irregular de Fogo

O dano ambiental provocado por queimadas ilegais pode levar ao embargo da área afetada, acarretando as seguintes consequências: 

  • Restrição da comercialização de produtos agrícolas provenientes da área embargada; 
  • Suspensão de incentivos financeiros e benefícios concedidos ao proprietário; 
  • Impossibilidade de uso da área até a regularização do embargo, afetando atividades econômicas e produtivas. 

Essas penalidades visam não apenas punir, mas também prevenir práticas que resultem em degradação ambiental. 

Fogo com Origem Externa: Direitos do Proprietário

Nem sempre o fogo que atinge uma propriedade é iniciado pelo próprio proprietário. Muitas vezes, ele se origina de queimadas em áreas vizinhas e, por conta das condições climáticas e geográficas, alastra-se de forma incontrolável. 

Nessas situações, é possível buscar a revogação do termo de embargo, desde que o proprietário apresente provas robustas de que o fogo teve origem externa e não decorreu de sua ação ou negligência. 

Medidas Imediatas em Caso de Fogo na Propriedade

Para proteger seus direitos, o proprietário deve tomar as seguintes providências assim que sua propriedade for atingida pelo fogo: 

  • Documentação do ocorrido: Registrar vídeos e fotos detalhadas das áreas afetadas, destacando a extensão dos danos; 
  • Registro de Boletim de Ocorrência (BO): Formalizar o evento junto às autoridades policiais, descrevendo os impactos e as circunstâncias; 
  • Elaboração de Ata Notarial: Buscar um tabelionato para formalizar a autenticidade das evidências registradas; 
  • Notificação aos órgãos ambientais competentes: Informar o ocorrido a entidades como o IBAMA, a Secretaria Estadual ou Municipal de Meio Ambiente, para registro e acompanhamento da situação. 

Produção de Provas Técnicas

Além das medidas iniciais, recomenda-se a elaboração de laudos técnicos especializados que possam comprovar a origem externa do fogo. Entre as principais ferramentas estão: 

  • Imagens de satélite, que mostram a direção e o ponto inicial dos focos de calor; 
  • Relatórios periciais realizados por engenheiros ambientais ou agrônomos, atestando que o fogo não foi causado por ação ou omissão do proprietário. 

Esses documentos são indispensáveis para contestar penalidades e demonstrar a ausência de responsabilidade, sobretudo em processos administrativos e judiciais. 

Conclusão

A legislação ambiental brasileira reconhece a responsabilidade do proprietário na proteção de sua propriedade contra incêndios, mas também assegura o direito de defesa nos casos de autuação indevida. 

Ao adotar as medidas recomendadas e reunir provas sólidas, o proprietário poderá buscar a revogação do embargo e evitar penalidades injustas. Assim, é essencial agir com rapidez, documentar os fatos e recorrer ao auxílio técnico e jurídico sempre que necessário.

Mikele Lopes Machado

Advogada Associada LBA Assessoria Jurídica

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